Cuidar da força e do vigor
da intervenção sindical na nossa magistratura é um objectivo que de há muito me
parece fundamental para a afirmação de um Ministério Público actuante,
democrático e participativo em Portugal, como é nosso direito e dever
estatutário. São os
próprios textos de órgãos internacionais como os do Conselho da Europa, do
Conselho Consultivo dos Procuradores Europeus, ou das Nações Unidas que afirmam
a importância da liberdade sindical na magistratura para um melhor desempenho
dos fins que lhe estão legalmente atribuídos.
Como
muitos saberão, nos últimos anos assumi responsabilidades de trabalho e tive a
honra de ter pertencido a recentes direcções do SMMP, as presididas por António
Cluny, João Palma e Rui Cardoso. Mandatos exercidos em diversas conjunturas,
onde foram assumidas muitas lutas com melhores ou piores resultados, mas sempre,
estou certo, com a consciência de que demos o nosso melhor para o bem de todos
os colegas e para o fortalecimento desta
instituição, que é reconhecida como um dos pilares de garantia dos valores essenciais
de uma magistratura independente, socialmente empenhada, e defensora da
legalidade democrática e da Constituição da República Portuguesa.
Havia
decidido que nesta eleição era chegado o momento de me afastar um pouco da
primeira linha do debate, e deixar a outros, sobretudo aos colegas mais jovens,
a missão de empunharem a bandeira sindical pela qual me venho batendo em
público de há anos a esta parte. No entanto, o surgir desta lista, a que aderi
e que aceitei integrar como membro suplente, representa um acontecimento na vida democrática do SMMP ao qual não
posso, nem quero ficar indiferente. Precisamente pela sua juventude, amplitude,
força democrática e coragem cívica.
Penso
que há já demasiados anos não se apresentava mais do que uma lista nas eleições
para os órgãos sociais do SMMP. Assim, a simples presença desta candidatura é por
si só um evento clarificador e benéfico para o espírito de abertura e para a possibilidade
de participação na vida social do nosso sindicato de todos os associados que de uma forma ou de outra delas se têm alheado,
apesar de sentirem a necessidade de um debate mais esclarecedor, mais profundo,
mais vivo e sincero nestes importantes momentos da nossa vida associativa. Por isso saúdo o espírito de abertura e de
intervenção de todos os que nela participam activamente e de todos os seus
muitos proponentes. Nesta eleição, do meu ponto de vista, não estamos a
tratar de uma questão de personalidades, de nomes ou de passados no nosso SMMP,
mas sim de um projecto de futuro, de participação comum e de ideias
inovadoras.
E por isso aqui estou a
deixar claro o meu testemunho sobre o relevo desta eleição e sobre a
importância do voto na lista «Ouvir, Unir, Defender». Ouvir, porque a direcção do SMMP, e
os seus órgãos sociais eleitos, devem ser uma estrutura aberta e defensora da
máxima transparência no contacto com todos os associados no dia a dia do
exercício da sua função. Unir, porque o que nos aproxima é muito mais do que
nos divide, e seremos sempre mais fortes no combate pelos nossos ideais se
estivermos juntos e coesos, com todos os filiados, e mesmo com os não filiados
(…ou futuros filiados), sem excepções. Finalmente, Defender, porque a afirmação
do Ministério Público socialmente empenhado, que considero a nossa matriz
fundacional, tem sido, e vai continuar a ser – não tenho dúvidas – alvo de
ataques dos mais variados interesses e será necessária uma forte capacidade de
resistência, amplamente participada, e enraizada nos valores de Abril, porque
não dizê-lo, para fazer face aos previsíveis escolhos que vamos encontrar pelo
caminho.
E porque creio que neste
momento, no SMMP, precisamos acima de tudo de um ideal mobilizador, de uma
força que nos motive a todos, que nos faça sonhar, que nos faça concretizar a
nossa razão, e que, dentro da medida das nossas capacidades e das nossas possibilidades,
fortaleça um Ministério Público a que nos orgulhemos de pertencer cada vez mais,
com relevância cívica, inserção no tecido social, activo, dialogante,
intransigente com as injustiças, solidário, assumido na defesa dos valores
constitucionais, livre e independente. Tudo o resto virá por acréscimo.
Para
isso é preciso dar a voz a todos, e é importante que todos os que não o têm
feito nos últimos actos eleitorais votem no próximo acto eleitoral, de forma a
dar corpo a esta renovação em que acredito. É sempre possível fazer mais e melhor.
Dirão
alguns que o que acabei de afirmar pode parecer utópico, ou idealista em demasia.
Mas
é também por isso, e para isso que aqui estou.
Para
ouvir, unir, defender, com todos, sem excepção.
Saudações
sindicais,
Pedro
Baranita
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